A Encíclica Mortalium animos resume a inaudita defecção presente

17-12-2010 21:07

 

A Encíclica Mortalium animos resume a inaudita defecção presente

Papa Pio XI

Papa Pio XI

O primeiro passo do movimento ecumenista conciliar foi, como se pode imaginar, na direção de outra religião: cristã homogeneizada.

Sobre o grave problema desse falso ecumenismo “pan-cristão”, que já aparecia no horizonte do mundo moderno, o Papa Pio XI publicou no dia 6 de Janeiro de 1928 a Carta Encíclica Mortalium animos.

Os católicos devem lê-la com atenção pois hoje não só ela foi confinada ao rol dos documentos rejeitados, mas das encíclicas proibidas (Encicliche proibite, Marini Editore, Roma, 1972), porque explica a grande inversão.

Pode parecer que não foi proibida nem rejeitada porque está no site do Vaticano, mas o é na realidade porque seu significado foi invertido com o Vaticano II e o seu sentido desprezado em muitas traduções.

Ora, o pensamento autêntico do Papa Pio XI está no texto em italiano, em que dita Encíclica foi redigida, e no documento em Latim, língua oficial da Igreja. A estes vamos nos referir aqui para afirmar o pensamento da Igreja, porquanto em nome da Igreja católica, se passou a praticar o exato contrário do estabelecido por esse documento do Magistério a respeito do falso ecumenismo. O que demonstra este fato? Hoje, quando do falso ecumenismo pan-cristão se passou à pérfida operação ecumenista de todas as crenças, ficou claro que os promotores da revisão ecumenista conciliar visavam a conciliação com o poder maçônico, que por sua vez visa aniquilar, se possível fosse, ou então transformar o Cristianismo em expediente para uma “religião mais universal”, que pode satisfazer a ORU, a organização das religiões unidas na fé da ONU.

Vejamos o que diz o Magistério católico através do Papa Pio XI.

[Os títulos e destaques para estas suas divisões são nossos.]

1. A aspiração universal de paz e fraternidade na família comum da humanidade depende da Verdade

 

Talvez jamais em outra época os espíritos dos mortais, como acontece nestes nossos tempos, foram tomados por uma tão grande aspiração de fraternidade – a fim de reforçar e alargar as relações em vista ao interesse do bem comum da sociedade humana. De fato, embora as nações ainda não usufruam plenamente dos benefícios da paz, antes, pelo contrário, em alguns lugares, antigas e novas discórdias vão explodindo em sedições e em conflitos civis; como não é possível, entretanto, que as muitas controvérsias sobre a tranqüilidade e a prosperidade dos povos sejam resolvidas sem que exista a concórdia quanto à ação e às obras dos que governam os Estados e cuidam dos seus interesses; compreende-se facilmente porque, estimulados pelo desejo de fraternidade universal (tanto mais porque já todos concordam sobre a unidade do gênero humano), também sejam muitos a aspirar ver os vários povos cada dia mais unidos.

 

2. Uma unidade na religião com congressos ecumenistas para uma fraternidade que dispensa Deus Pai

 

Entretanto, alguns lutam por realizar coisa não diversa quanto à ordenação da Nova Lei promulgada por Cristo, nosso Senhor. Convencidos que rarissimamente encontram-se homens privados de todo sentimento religioso, por isto, parecem ter a esperança de que ocorrerá sem dificuldade que povos, embora em matéria de religião sejam dissidentes, possam concordar sem dificuldade na profissão de algumas doutrinas como fundamento comum da vida espiritual. Por isto costumam realizar convenções, assembléias e pregações, com larga frequência de público, para convocar todos a debater, promiscuamente: infiéis de todo tipo e até cristãos que infelizmente se afastaram de Cristo e que com obstinada pertinácia negam a divindade de sua Pessoa e de sua missão.

 

3. Os Católicos não podem aprovar uma fraternidade na qual a Fé é para uma união e não a união para a Fé de Cristo

 

Sem dúvida, estas tentativas fundamentadas na falsa teoria que supõe boas e louváveis todas as religiões, pois todas, embora de maneira diversa, manifestam e significam de modo igual aquele sentido ingênito em nós, pelo qual nos sentimos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império.

 

Pois bem, os que seguem essa teoria, não só estão enganados e no erro, mas repudiam a verdadeira religião, pervertendo o seu conceito e desviam gradualmente para o Naturalismo e para o Ateísmo. Segue-se claramente que quem adere aos promotores de tais teorias e tentativas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada.

 

4. Uma união de todos os cristãos segundo os argumentos falazes de uma unidade antievangélica

 

Onde mais facilmente se esconde o engano sob uma disfarçada aparência de bem é quando se trata de promover a unidade de todos os cristãos. Acaso não seria justo e de acordo com o dever dos que invocam o nome de Cristo – costumam repetir amiúde – que se abstenham de recriminações mútuas e finalmente se unam por mútua caridade? Alguém ousaria afirmar que ama a Cristo se, na medida de suas forças, não procura realizar o que Ele desejou e que rogou ao Pai para que seus discípulos fossem “um” (Jo 17,21)? E não quis o mesmo Cristo que seus discípulos fossem identificados e distintos dos demais por este sinal de amor mútuo: “Conhecerão que sois meus discípulos se tiverdes amor um pelo outro?” (Jo 13,35).

Oxalá, acrescentam, todos os cristão fossem “um”: poderiam repelir muito melhor a peste da impiedade que penetra e se alastra cada dia mais e ameaça esmorecer o Evangelho.

 

5. Sob esses argumentos se oculta a escalada do gravíssimo erro “pancristão”, o atual erro ecumenista

 

Os chamados “pancristãos” insuflam e difundem estes e outros argumentos e, longe de serem poucos e raros, cresceram em filas compactas, formando sociedades largamente difundidas, no mais das vezes dirigidas por acatólicos, mesmo divergentes em questões de fé. Todavia, tal iniciativa é proposta de modo tão ativo, que muitos católicos são seduzidos pela esperança de conseguir uma união que consiga responder ao desejo da Santa Mãe Igreja, para a Qual, realmente, nada é tão aspirado como convocar e reconduzir os filhos desviados para o seu seio.

 

Mas, sob tais termos serpentinos e atrativos oculta-se um gravíssimo erro pelo qual os fundamentos da Fé são totalmente solapados.

 

6. A verdadeira norma nesta matéria está em precaver-se contra as falácias de uma falsa união de cristãos

 

Porque a consciência do Nosso cargo Apostólico nos impõe que não permitamos que o rebanho do Senhor seja seduzido pela nocividade destas falácias, apelamos, Veneráveis Irmãos, para o vosso zelo contra este grave perigo, confiando que, por meio de vossos escritos e palavras cheguem mais facilmente ao povo, e sejam melhor entendidos, os princípios e argumentos, que a seguir exporemos, de modo que os católicos saibam como devem julgar e operar diante de iniciativas intentas a obter de qualquer maneira a união num só corpo dos que se dizem cristãos.

 

7. Só uma Religião pode ser verdadeira: a revelada por Deus para ensinar o fim último do ser humano

 

Deus, Criador do Universo, nos criou para o fim de conhecê-lO e serví-lO. O nosso Criador tem, portanto, pleno direito de ser servido. Poderia Deus ter estabelecido para o governo do homem apenas uma lei natural gravada em seu espírito com a mesma criação e, a partir daí, governar pela providência ordinária dessa mesma lei. Mas, preferiu dar preceitos diante dos quais nos dispuzéssemos e, no curso dos séculos, ou seja, desde as origens do gênero humano até a vinda e a pregação de Jesus Cristo, Ele mesmo ensinou ao homem, os deveres que ligam os seres dotados de razão ao Criador: “Deus que muita vezes e em muitos modos havia falado aos nossos pais pelos profetas; ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho” (Heb 1,1 Seg). Daí segue que não pode haver religião verdadeira fora da que se funda na palavra revelada de Deus; revelação que, começando desde o princípio e prosseguindo no Antigo Testamento, ficou cumprida depois no Novo pelo próprio Cristo. Pois bem, se Deus falou – e que tenha realmente falado é históricamente certo, compreende-se que seja dever do homem crer de modo absoluto na revelação de Deus e integralmente obedecer aos seus mandamentos.

 

8. A única religião revelada é a Católica, na qual se cumpre a vontade de Deus

 

Justamente para que fossem retamente cumpridas ambas as coisas, o crer e o observar, para a glória de Deus e a salvação nossa, o Filho Unigênito de Deus instituiu na terra a sua Igreja.

Os que afirmam serem cristãos, não podem portanto, deixar de crer na instituição de uma Igreja, e uma só, e por obra de Cristo. Mas, ao indagar qual deva ser ela pela vontade do seu Fundador, estão nem todos concordam. Assim, muitos negam por exemplo, a necessidade da Igreja de Cristo ser visível, pelo menos na medida em que deve aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e idêntica mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma federação de várias comunidades cristãs que, embora aderentes, tenham cada uma delas, a doutrinas opostas entre si.

Entretanto, Cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível aos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Assim, com comparações, descreveu-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17).

Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que a propagaram no seu início, não poderia cessar de existir e ser extinta em razão da morte deles, uma vez que é aquela a quem, sem distinção de lugar e tempo, foi dado o preceito de guiar todos os homens à salvação eterna: “Ide, pois, ensinai a todos os povos” (Mt 28,19). Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente nela: “Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos?” (Mt 28,20). Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser afirmar – o que não seria de nós – que Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18).

 

9. O erro capital do movimento ecumenista na pretendida união das igrejas cristãs

 

Ocorre-nos dever esclarecer e afastar aqui certa opinião falsa, da qual parece depender toda esta questão e proceder essa múltipla ação e conspiração dos acatólicos que, como dissemos, trabalham pela união das igrejas cristãs. Os autores desta opinião acostumaram-se a citar, quase que indefinidamente, a Cristo dizendo: “Para que todos sejam um”… “Haverá um só rebanho e um só Pastor” (Jo 27,21; 10,16). Fazem-no todavia de modo que, por essas palavras, queriam significar um desejo e uma prece de Cristo ainda carente de seu efeito. Pois opinam: a unidade de fé e de regime, distintivo da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu até hoje e nem hoje existe; que ela pode, sem dúvida, ser desejada e talvez realizar-se alguma vez, por inclinação comum das vontades; entrementes, existe apenas uma fictícia unidade.

Acrescentam que a Igreja é, por sua natureza, dividida em partes, isto é, que consta de muitas igrejas ou comunidades particulares, as quais, ainda separadas, embora possuam alguns capítulos comuns de doutrina, discordam todavia nos demais. Que cada uma delas possui os mesmos direitos. Que, no máximo, a Igreja foi única e una, da época apostólica até os primeiros concílios ecumênicos. Assim, dizem, é necessário colocar de lado e afastar as controvérsias e a antiquíssima variedade de sentenças que até hoje impedem a unidade do nome cristão e, quanto às outras doutrinas, elaborar e propor uma certa lei [de mínimo denominador] comum do crer, em cuja profissão de fé [mínima] todos se conheçam e se sintam como irmãos, pois, se as múltiplas igrejas e comunidades forem unidas por um certo pacto, existiria já a condição para que os progressos da impiedade fossem futuramente impedidos de modo sólido e frutuoso.

Estas são, Veneráveis Irmãos, as afirmações comuns.

Existem, contudo, os que estabelecem e concedem que o chamado Protestantismo, de modo bastante inconsiderado, deixou de lado certos capítulos da fé e alguns ritos do culto exterior, sem dúvida gratos e úteis, que, pelo contrário, a Igreja Romana ainda conserva.

 

10. As palavras de Jesus Cristo sobre o Primado de Pedro não teriam sentido universal, católico

 

Há os que acrescentam que esta mesma Igreja também agiu mal, corrompendo a religião primitiva com algumas doutrinas alheias e repugnantes ao Evangelho, propondo acréscimos para serem cridos: enumeram como o principal entre estes o que versa sobre o Primado de Jurisdição atribuído a Pedro e a seus Sucessores na Sé Romana. Entre os que assim pensam, embora não sejam muitos, estão os que por indulgência concedem ao Pontífice Romano um primado de honra ou uma certa jurisdição e poder que, entretanto, julgam procedente não do direito divino, mas de certo consenso dos fiéis. Chegam outros a ponto de, por seus conselhos, que parecem furta-cores, quererem presidir o próprio Pontífice. E se é possível encontrar muitos acatólicos pregando à boca cheia a união fraterna em Jesus Cristo, entretanto não encontrareis nenhum cujos pensamentos são de submissão e obediência ao Vigário de Jesus Cristo enquanto mestre ou governante. Afirmam eles que tratariam de bom grado com a Igreja Romana, mas com igualdade de direitos, isto é, iguais com um igual. Mas, se pudessem fazê-lo, não parece existir dúvida de que agiriam com a intenção de que, por um pacto que talvez se ajustasse, não fossem coagidos a abandonar aquelas opiniões que são a causa pela qual ainda vagueiem e errem fora do único aprisco de Cristo.

 

11. A Igreja Católica não tem parte em tais reuniões porque representa a autoridade única e absoluta de Cristo

 

Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar dessas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem atribuirão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.

 

A verdade revelada, porém não admite transações

 

Acaso poderemos tolerar – o que seria bastante iníquo – , que a verdade e, em especial a revelada, seja diminuída através de pactos? No caso presente, trata-se da verdade revelada que deve ser defendida. Se Jesus Cristo enviou os Apóstolos a todo o mundo, a todos os povos que deviam ser instruídos na fé evangélica e, para que não errassem em nada, quis que antes lhes fosse ensinada toda a verdade pelo Espírito Santo, acaso esta doutrina dos Apóstolos faltou inteiramente ou foi alguma vez perturbada na Igreja em que o próprio Deus está presente como regente e guardião?

Se o nosso Redentor promulgou claramente o seu Evangelho não apenas para os tempos apostólicos, mas também para pertencer às futuras épocas, o objeto da fé pode tornar-se de tal modo obscuro e incerto que hoje seja preciso tolerar opiniões mesmo contrárias entre si? Se isto fosse verdade, dever-se-ia igualmente dizer: que o Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos; que a perpétua permanência dele na Igreja e também que a própria pregação de Cristo já perderam, desde há séculos, toda a eficácia e utilidade: afirmar isto é, sem dúvida, blasfemo.

 

12. A Igreja Católica é por desígnio divino depositária infalível da verdade universal

 

Quando o Filho Unigênito de Deus ordenou a seus enviados que ensinassem a todos os povos, vinculou todos os homens ao dever de crer nas coisas que lhes fossem anunciadas pelas “testemunhas pré-ordenadas por Deus” (At. 10,41). Entretanto, um e outro preceito de Cristo, o de ensinar e o de crer na consecução da salvação eterna, que não podem deixar de ser cumpridos, não poderiam ser entendidos a não ser que a Igreja proponha de modo íntegro e claro a doutrina evangélica e que, ao propô-la, seja imune a qualquer perigo de errar.

Afasta-se igualmente do caminho os que julgam que o depósito da verdade existe realmente na terra, mas que é necessário um trabalho difícil, com longos estudos e disputas para encontrá-lo e possuí-lo e a vida dos homens seja apenas suficiente para isso, como se Deus benigníssimo tivesse falado pelos profetas e pelo seu Unigênito para que apenas uns poucos, e estes mesmos já avançados em idade, aprendessem perfeitamente as coisas que por eles revelou, e não para que preceituasse uma doutrina de fé e de costumes pela qual, em todo o decurso de sua vida mortal, o homem fosse regido.

 

13. Sem fé não há verdadeira caridade e o ecumenismo sem uma fé única é contrafacção da caridade divina

 

Os pancristãos, que empenham o seu espírito na união das igrejas, presumem por certo seguir o nobilíssimo conselho da caridade que deve ser promovida entre os cristãos. Mas se a caridade se desvia em detrimento da fé, o que pode ser feito?Ninguém ignora por certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que permanentemente costumava inculcar à memória dos seus o mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros”, vetou inteiramente até mesmo manter relações com os que professavam de forma não íntegra e incorrupta a doutrina de Cristo: “Se alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem o saudeis” (II Jo 10). Pelo que, como a caridade se apóia na fé íntegra e sincera como que em um fundamento, então é necessário unir os discípulos de Cristo pela unidade de fé como no vínculo principal.

 

14. Uma união humana de valor absoluto é irracional porque a união é para a Fé e não a Fé para a união

 

Assim, de que vale excogitar no espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se trata do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir, embora ela seja repugnante às opiniões dos outros? E de que modo pedirmos que participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina? Como os que adoram a Cristo realmente presente na Santíssima Eucaristia – por aquela admirável conversão do pão e do vinho que se chama transubstanciação – e os que afirmam que, somente pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de Cristo? Como os que reconhecem nela a natureza de Sacrifício e de Sacramento e os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor? Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de Cristo – Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar – e tributar veneração às suas imagens e os que contestam não ser admissível semelhante culto, por ser contrário à honra de Jesus Cristo, “único mediador de Deus e dos homens”? (1 Tim. 2,5).

 

15. Os frutos do indiferentismo e do modernismo seguem a inversão de um conceito de unidade alheio à Fé.

 

Não sabemos, pois, como por essa grande divergência de opiniões seja defendido o caminho para a realização da unidade da Igreja: ela não pode resultar senão de um só magistério, de uma só lei de crer, de uma só fé entre os cristãos. Sabemos, entretanto que facilmente aparece aí um degrau para a negligência com a religião ou o Indiferentismo e para o denominado Modernismo. Os que foram miseravelmente infeccionados por ele defendem que não é absoluta, mas relativa a verdade revelada, isto é, de acordo com as múltiplas necessidades dos tempos e dos lugares e segundo as várias inclinações dos espíritos, uma vez que ela não estaria limitada por uma revelação imutável, mas seria tal que se adaptaria à vida dos homens.

Além disso, com relação às coisas que devem ser cridas, não é lícito utilizar-se, de modo algum, daquela discriminação que houveram por bem introduzir entre o que denominam capítulos fundamentais e capítulos não fundamentais da fé, como se uns devessem ser recebidos por todos, e, com relação aos outros, pudesse ser permitido o assentimento livre dos fiéis: a Virtude sobrenatural da fé possui como causa formal a autoridade de Deus revelante e não pode sofrer nenhuma distinção como esta. Por isto, todos os que são verdadeiramente de Cristo consagram, por exemplo, ao mistério da Augusta Trindade a mesma fé que possuem em relação ao dogma da Mãe de Deus concebida sem a mancha original e não professam uma fé diferente com relação à Encarnação do Senhor e ao magistério infalível do Pontífice romano, no sentido definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano.

Nem se pode admitir que as verdades que a Igreja, através de solenes decretos, sancionou e definiu em outras épocas, pelo menos as proximamente superiores, não sejam, por este motivo, igualmente certas e não devam ser igualmente acreditadas: não foram todas elas reveladas por Deus? Porque o Magistério da Igreja, por decisão divina, foi constituído na terra para que as doutrinas reveladas não só permanecessem incólumes perpetuamente, mas também para que fossem levadas ao conhecimento dos homens de modo fácil e seguro. E, embora seja ele diariamente exercido pelo Pontífice Romano e pelos Bispos em união com ele, todavia ele se completa na tarefa de agir no momento oportuno, definindo algo por meio de solenes ritos e decretos, se necessário for opor-se de modo eficiente a erros ou impugnações de hereges ou imprimir nas mentes dos fiéis capítulos da doutrina sagrada expostos de modo mais claro e pormenorizado.

Neste uso extraordinário do Magistério nenhuma invenção é introduzida e nenhuma coisa nova é acrescentada à soma de verdades que estando contidas, pelo menos implicitamente, no depósito da revelação, foram divinamente entregues à Igreja, mas são declaradas questões que para muitos talvez, ainda poderiam parecer obscuras, ou são estabelecidas coisas que devem ser mantidas sobre a fé e que antes eram por alguns colocados sob controvérsia.

 

16. A razão única e universal da unidade dos cristãos é a verdade objetiva da Fé

 

Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela. Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida ela é a todos manifesta e, pela vontade de seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele próprio A instituiu para a salvação de todos. Porque a mística Esposa de Cristo jamais se contaminou no decurso dos séculos nem, em época alguma, poderá ser contaminada, como Cipriano o atesta: “A Esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é incorrupta e pudica. Ela conhece uma só casa e guarda com casto pudor a santidade de um só cubículo” (De Cath. Ecclessiae unitate, 6). E o mesmo santo Mártir, com direito e com razão, grandemente se admirava que pudesse alguém acreditar ser “esta unidade que procede da firmeza de Deus cindida e quebrada na Igreja pelo divórcio de vontades em conflito” (ibidem). Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor. 12,12), compacto e conexo (Ef. 4,15), à semelhança do seu corpo físico, seria inépcia e estultície afirmar que ele pode constar de membros desunidos e separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5,30; 1,22).

 

17. A Obediência ao Romano Pontífice é sinal de unidade cristã sob o único representante terreno de Jesus Cristo

 

Ninguém está nesta única Igreja de Cristo e ninguém nela permanece a não ser que, obedecendo, reconheça e acate o poder de Pedro e de seus sucessores legítimos. Por acaso os antepassados dos enredados pelos erros de Fócio e dos reformadores não estiveram unidos ao Bispo de Roma, ao Pastor supremo das almas? Ai! Os filhos afastaram-se da casa paterna; todavia ela não foi dividida nem destruída por isso, uma vez que estava arrimada na perene proteção de Deus. Retornem, pois, eles ao Pai comum que, esquecido das injúrias antes gravadas a fogo contra a Sé Apostólica, recebê-los-á com máximo amor. Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja, “Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo” (Conc. Later 4, c.5)?

Escutem a Lactâncio chamado amiúde: “Só… a Igreja Católica é a que retém o verdadeiro culto. Aqui está a fonte da verdade, este é o domicílio da Fé, este é o templo de Deus: se alguém não entrar por ele ou se alguém dele sair, está fora da esperança da vida e salvação é necessário que ninguém se afague a si mesmo com a pertinácia nas disputas, pois trata-se da vida e da salvação que, a não ser que seja provida de um modo cauteloso e diligente, estará perdida e extinta” (Divin. Inst. 4,30, 11-12).

 

18. Apelo à aproximação das seitas dissidentes

 

Aproximem-se, pois, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é “raiz e matriz da Igreja Católica” (S. Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que “a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1 Tim 3,15) renuncie à integridade da Fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se submetam a seu magistério e regime. Oxalá auspiciosamente ocorra para Nós isto que não ocorreu ainda para tantos dos nossos muitos Predecessores, a fim de que possamos abraçar com espírito fraterno os filhos que nos é doloroso saber estar de Nós separados por uma perniciosa dissensão.

 

Prece a Nosso Senhor e a Nossa Senhora

 

Oxalá Deus, Senhor nosso, que “quer salvar todos os homens e que eles venham ao conhecimento da verdade”(1 Tim. 2,4) nos ouça suplicando fortemente para que Ele se digne chamar à unidade da Igreja a todos os errantes. Nesta questão que é, sem dúvida, gravíssima, utilizamos e queremos que seja intercessora a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da graça divina, vencedora de todas as heresias e auxílio dos cristãos, para que Ela peça, para o quanto antes, a chegada daquele dia tão desejado por nós, em que todos os homens escutem a voz do seu Filho divino, “conservando a unidade de espírito em um vínculo de paz” (Ef. 4,3).

 

19. Conclusão e Bênção Apostólica

 

Compreendeis, Veneráveis Irmãos, o quanto desejamos isto e queremos que o saibam os nossos filhos, não só todos os do mundo católico, mas também os que de Nós dissentem. Estes, se implorarem em prece humilde as luzes do céu, por certo reconhecerão a única verdadeira Igreja de Jesus Cristo e, por fim, nEla tendo entrado, estarão unidos conosco em perfeita caridade. Aguardando este fato, como auspício dos dons de Deus e como testemunho de nossa paterna benevolência, concedemos muito cordialmente a vós, Veneráveis Irmãos, e a vosso clero e povo, a bênção apostólica. Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia seis de janeiro, no ano de 1928, festa da Epifania de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sexto de nosso Pontificado.

 

A doutrina tradicional do ecumenismo católico está na Instructio de motione oecumenica emanada pelo Santo Ofício (20/12/1949, na AAS do 31/1/1950), que segue a Mortalium animos de Pio XI:

1) a Igreja católica possue a plenitude de Cristo e não precisa aperfeiçoa-la com o concurso de outras confissões;

2) não se deve procurar união através de assimilação progressiva da várias confissões de fé nem mediante a adaptação do dogma católico a um outro;

 

3) a única verdadeira união das Igrejas pode realizar-se somente com a volta dos irmãos separados à verdadeira Igreja de Deus;

 

4) os separados que se reúnem à Igreja católica nada perdem de substancial de quanto pertence à sua particular profissão, mas ao contrário, o encontra idêntico e numa medida completa e perfeita.”

Ora, o “ecumenismo”, declarado fim principal do Vaticano II, tornou-se princípio de uma nova Igreja, como se viu através das declarações conciliares contrárias a estes princípios católicos, mas também através de tantos atos e iniciativas que contrariam inteiramente a tradição da Igreja e o comum bom senso. Segundo este novo espírito a unidade da Igreja, que nunca deixou de ser, deveria ser restabelecida, o que é contrário à Fé. Mas isto foi inoculado nos documentos conciliares Dei Verbum, Lumen gentium, Unitates redintegratio, Nostra aetate e outros, que confirmam o plano evidente de reduzir a Religião católica a um ramo de uma antropocêntrica religião “mais universal”.

Os que seguem a «teoria ecumenista», estão no erro e pervertem a verdadeira religião, desviando para o Naturalismo e Ateísmo. Seus termos serpentinos ocultam o gravíssimo erro pelo qual os fundamentos da Fé são totalmente solapados.

Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar dessas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem atribuirão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo. Segue-se que os promotores de tais tentativas desertam por inteiro da Religião divinamente revelada.

Podem seus autores continuar na Igreja para fazê-lo com autoridade católica?

Conclusão – Quem com tanto afã justifica até os fariseus não acusa talvez o Evangelho, emulando o Sinédrio que mandou à morte Jesus?

Pedindo perdão ao mundo pela Igreja, não se joga lama na imagem da Esposa de Cristo? Não é ela o caminho da plena misericórdia de Deus, também para a salvação dos Judeus? Basta contrariar esta verdade, indicando muitos caminhos diversos que conduzem à apostasia, para confirmar a defecção clerical, que torna a Sede vacante, como declarou o Arcebispo Pierre Martin Ngô-Dinh Thuc.

Com efeito, a ira de Deus se manifesta do céu contra toda a impiedade e injustiça de homens que sufocam a verdade na injustiça, pois o que Deus manifestou é por eles conhecido; Deus mesmo o manifestou a eles” (Rm 1, 18-19)…

Portanto se recusam o apostolado da Igreja:

eles são inexcusáveis, porque, mesmo conhecendo Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, mas desvaneceram-se em seus pensamentos insensatos  e se obcureceu o seu coração insensato” (21).

O Vaticano II justificando uma liberdade religiosa contrária à fé católica representa uma “perfídia”, que equivale, se não supera em gravidade, aquela do sinédrio judaico. É emblemático que isto ocorra ao mesmo tempo e justamente na infidelidade ao único Sacrifício de amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacrifício que é para a vida espiritual e moral de todos os povos do mundo o que é o sol para a vida natural da terra (S. Francisco de Sales). Este Santo Sacrifício foi confiado à Sua única Igreja como fortaleza.

Hoje na Igreja conciliar predominam os termos “aggiornamento e abertura”, “sinal e caminho”, para levar para onde? Ora, tudo demonstra que esse falso ecumenismo era só um meio para completar o plano de uma “religião global”, daí os congressos e reuniões que culminou na abominação inaudita de Assis, com todas as grandes religiões do mundo, que seriam todas igual e humanamente opostas, mas … por Deus reveladas!

As religiões não católicas, mesmo de matriz cristã, antes de serem separadas da Igreja e de seu Pontífice romano, separaram-se da vontade divina que estabeleceu uma só Religião de Jesus Cristo que ensina a Verdade que salva.

Ratzinger Luterano

Ecumenista Card. Ratzinger

Fora Dela não há ordem neste mundo nem salvação no outro.

Glória ao Sagrado Coração de Jesus junto ao Imaculado Coração de Maria!

Excertos do Editor do blog:

Pode ser esta a Igreja de Cristo mencionada pelo Pontífice Pio XI? Ou seria justamente a falsa religião cristã acusada pela Mortalium Animos? Pode ser este o vigário de Cristo ou se trata da presença de um anti-cristo? (“anti” pode ser tomado como adversário, porém ainda como “no lugar de”). Em 1907, na Enciclopédia Católica, sob o título Anticristo, lemos que São Bernardo identifica a besta do Apocalipse como um antipapa. O Abade Joaquim acredita que o Anticristo irá abater o Papa (v. 3ª parte do Segredo de Fátima) e usurpar sua Sé. “Desde que o Anticristo simula Cristo, e o papa é imagem de Cristo, o Anticristo deve simular a aparência de papa”.

João Paulo II em Assis 1986

Sacerdotes do Panteão de Assis. Profanação da Basílica Católica.



Buda no Altar da Igreja de Assis.

Profanação da Igreja de Assis, Buda colocado sobre o Sacrário do Altar no lugar do crucifixo. O sacrário ficou abaixo do pano branco atrás desta espécie de candelabro.

Buda Sobre o Sacrário

Assis, 27 de Outubro de 1986

Altar profanado em Assis

Respondeu-lhes Jesus: Cuidai que ninguém vos seduza. (Mt 24, 4) - Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel...(15). Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. (II Tess. 2, 3-4)

Hindus

Assis 2002, cada falsa religião teve seu espaço na basílica para adorar seus falsos deuses.

Líder Voodu

Líder Voodu

Religião Tradicional Africana. Macumba? Voodu?

Religião Tradicional Africana. Macumba? Voodu?

novembro 11, 2010

O testemunho de Dom Mayer na Paixão da Igreja

D. Antônio de Castro Mayer

D. Antônio de Castro Mayer

Arai Daniele

 

A grande conspiração da qual tratamos nunca foi produto da imaginação de “complotistas”, que em tudo vêem elementos de uma fictícia “história do complô”. Não, essa história, da qual tudo indica que vivemos etapas conclusivas, remonta à Religião revelada do livro da Gênese e à tentação do Pecado Original, a realidade mais comprovada da conflitiva história humana de todos os tempos.

E o Antigo Testamento se explica no Novo e Eterno Testamento de Jesus Cristo pela “conspiração” que levou ao Seu Sacrifício na Cruz para nos redimir da queda na “conspiração original”. Hoje há quem põe a questão: Deus podia querer todo esse desatino e crueldade na Sua “Teodicéia”?

Teodicéia é termo que vem do genial Leibniz que, nascido protestante, sentia-se bem próximo do catolicismo. A obra Teodicéia “põe a questão da «justificação de Deus», isto é, de sua bondade e onipotência em relação ao mal e à liberdade humana” (História da Filosofia, Julián Marias, Ed. Souza & Almeida, Porto, 1973).

Aqui usamos este termo porque se adapta bem ao discurso sobre a conspiração original até o presente. Não vamos em tudo seguir o Filósofo, que de resto tem ainda uma obra desconhecida, mas que na conhecida tornou-se idealista. Nós seguimos a Igreja, e esta foi posta em causa por quem aparece hoje como Vigário de Deus para interpelá-Lo escandalosamente. Sim, porque nunca antes se poderia imaginar um clérigo em veste papal acusar Deus, como Bento XVI fez ao visitar Auschwitz. “Diante de tantos horrores, onde estava Deus escondido?”.

Na esfera espiritual assim se inverte a referência da consciência humana na absoluta bondade de Deus, porque haveria homens, mais prudentes e bondosos que Deus, que poderiam contestar a sua falta de compaixão!

A questão de Ratzinger define assim duas religiões diretamente opostas:

- a de clérigos que se envergonham e se desculpam pela Religião de Deus, que na versão gnóstica criou um mundo cruel de horrores!;

- a Religião católica que ensina e celebra o Sacrifício do Filho de Deus vindo a redimir homens caídos no mal da contínua conspiração original.

Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, veio ao mundo “sofrer” todo o mal físico, de carências, dores e morte, e o seu mal espiritual de ódio, engano, vilipêndio e traição, para deixar um legado de bondade e amor.

Os filhos de Sua Igreja o testemunharam desde estão e pelos séculos com o martírio físico e espiritual no Seu exemplo. Esta é a presença de Deus no mundo, cujos horrores se devem ao repúdio deste divino Sacrifício.

A Igreja representa essa presença, mas os «papas conciliares» fizeram surgir outra iluminista, para interpelar o «escondimento de Deus»!

No tempo cristão, o ser humano buscava a verdade e o bem da presença divina na consciência, sabendo que a estas verdades não podia chegar por si. Hoje há quem chegou ao ponto, com o culto do homem, de sentir-se livre e capaz de julgar a Deus diante de eventos que são justamente derivados de seculares alienações da Fé no plano divino de redenção.

Assim, nestes tempos, a voz para o «culto do homem vítima de Deus», provem nada menos que de quem pontifica como papa!

É o sumo engano do espírito gnóstico da anti-religião, diametralmente oposta à Católica, que interpela a bondade divina num mundo cuja falsa liberdade, que os homens julgam ser um direito, causa imensos horrores!

Quão poucos percebem e testemunham contra isto. No seu tempo Dom Mayer o fez, reconhecendo que, desde Paulo VI, com seu discurso de fechamento do Vaticano II, se configurava a nova Igreja que começou com João XXIII, alterando a questão da liberdade de consciência, até esta de Bento XVI, cuja «consciência conciliar» o leva a pronunciar estas frases dignas do ofídico conspirador original, agora final.

Dirão: este não foi, porém, o testemunho de Dom Mayer no seu tempo.

De fato, ele reconheceu que o Vaticano II configurava uma nova Igreja, mas só no fim percebeu que seu testemunho devia ir além da denúncia contra a liberdade religiosa e de consciência conciliar; devia ser contra seus autores. Já vimos antes no «caso Rifan» que uma tortuosa ação «traicionalista» barrou muitas vezes o que o Bispo entendia testemunhar.

Duas religiões diametralmente opostas

Assis

Poucos percebem hoje, no meio da grande apostasia, como se pode falar de duas religiões opostas, diante das palavras edificantes a favor da família, da moral e mesmo de Jesus, vindas do aplaudido chefe conciliar.

Devemos assim voltar ao início para saber o que opôs e o que favoreceu a conspiração demoníaca contra a Palavra divina, que permitiu tanto mal.

 

Ora, na Teodicéia, porque teria Deus permitido certamente o mal do erro e do engano, senão em vista de um bem maior?

Explica-se isto dizendo que Deus, sendo a perfeição do Bem e do Amor, “precisava” comunicá-lo a seres que o reconhecessem e aderissem a Ele livremente. É o bem maior das criaturas espirituais, cuja filial dignidade à imagem e semelhança do Pai, dispõem da liberdade, embora nesta seja implícito o risco da escolha do mal.

E assim foi em seguida com os anjos que escolheram o próprio culto e a danada conspiração universal que quiseram transmitir à nova criatura humana, posta na encruzilhada da matéria e do espírito.

Ora, há o mal espiritual do erro, do engano, do pecado e dos vícios da inveja e ódio, assim como dos outros descritos no Catecismo católico.

A tudo isto vão corresponder os males físicos dos defeitos, doenças, sofrimentos e da morte. Quando o homem é livre de escolher por si e até contra a Palavra de Deus, Perfeição e Vida, só pode cair no seu contrário de imperfeição, defeito e morte; todos males derivados do que deveria ser o bem da liberdade humana, que foi mal usada.

Para bem usá-la, Deus suscita nas consciências as virtudes para enfrentar os males e os vícios e nisto não somos livres de escolher e ditar o bem e o mal. Mas foi justamente a esta árvore que o conspirador original dirigiu o apetite de Adão e Eva. Hoje faz o mesmo com todos, mas tem por tentador adjunto o papado e o clero conciliar que declararam o “direito humano” à liberdade de consciência e de religião! O contrário do espírito de obediência aos Mandamentos, para o qual existe a Religião!

Resultado: esses infelizes «consagrados e coroados» chegam a interpelar Deus, como vimos, trajados de representantes da Sua mesma Igreja e assim mesmo são recebidos por quantos ainda se consideram católicos.

 

O engano da desgraçada conspiração traicionalista

Padre Rifan e os bispos da Nova Igreja Conciliar

Padre Rifan e os bispos da Nova Igreja Conciliar

Crucifixo Blasfemo

"Crucifixo" da "Missa" "concelebrada" em Aparecida pelo Bispo Dom Rifan fiel.

Quem foi formado para discernir entre o bem e o mal, entre o verdadeiro e o falso, entre a Igreja de Cristo e o aparato de Satanás, ainda tem condições de aderir à Verdade e repudiar o engano de aspecto religioso.

É aqui que aparecem os clérigos que, diante do poder dos falsos cristos e falsos pastores no Vaticano, optam pela visão traiçoeira de duas igrejas! Seriam duas igrejas mas um só chefe, reconhecido no papa conciliar! Como podem reconhecer uma só Fé, mas ao mesmo tempo uma outra ecumenista, em busca de interconfessionalismo e pluralismo religioso?

Como cúmulo do engano e da má fé, acusam em especial os que não aceitam a nova igreja conciliar, já denunciada na sua duplicidade por clérigos como Dom Mayer, que só no fim realizou angustiado também essa desgraça inaudita da duplicidade na sua autoridade.

Ora, a conspiração que data do início da História, foi melhor planejada dentro da Igreja pelos vários Roncallis, Montinis, Wojtylas, de sinistra memória e de Ratzinger, da alarmante presença. Podem os traicionalistas negar os crescentes equívocos e crises atinentes à autoridade na Igreja?

Se não leram o que almejavam os mações vamos lembrá-lo aqui, porque desde então dizem em suas publicações como operar sorrateiramente nos seminários católicos. Tudo diz respeito à liquidação do Cristianismo, e nisto são empregados poderes civís e religiosos mundiais, governantes do mundo junto a grandes prelados elevados às mais altas cátedras.

A presente Paixão da Igreja acontece sob a marca do engano

Esta Paixão da Igreja é bem diversa da inicial dos primeiros cristãos.

De há pelo menos dois séculos, as forças que queriam destruí-la, sabendo que isto se revelou impossível, passaram ao plano alternativo: ocupá-la para transformá-la segundo ideias liberais, maçônicas e judaizantes da política mundial moldada pela Revolução e depois pelo Vaticano II.

Hoje não há mais segredo sobre o que liga as idéias do modernismo com os planos maçônicos. Se trata do mega neoecumenismo capaz de abraçar não só as mais diferentes religiões, como a judaica, mas as mais obscuras ideologias, como a da nova ordem mundial. O plano da URI o desvela. Ora, compreende-se que tal programa representava uma última manobra dialética que só poderia ser aplicada por um “poder” dentro da Igreja.

Eis que o principal plano maçônico nesse sentido era o de eleger essa “nova autoridade” para assumir o comando da Sé de Pedro. Tramava-se pois para obter um poder papal segundo o desejo dos maçons.

Um bom número de documentos o atesta, descrevendo o plano. Citamos aqui de novo a descrição de um consagrado apóstata, o Canônico Roca, que hoje seria cardeal, onde se planeja um papa ao serviço da revolução religiosa total, que avançaria com aspecto clerical.

Vejamos de novo o plano de mutação da Igreja do Canônico Roca, clérigo apóstata:

O Concílio do Vaticano (novo), como Cristo que revelou aos seus irmãos um novo ensinamento, não deverá guiar a Cristandade, nem o mundo, na plenitude de outras direções senão aquelas seguidas pelos povos sob a secreta inspiração do Espírito, simplesmente para confirmá-los no modo de vida moderno, cujos princípios evangélicos, idéias e obras essencialmente cristãs, tornam-se, sem que eles o percebam, os princípios, idéias e obras das nações regeneradas antes que Roma cogitasse em preconizá-las. O Pontífice contentar-se-á de confirmar e glorificar a obra do Espírito de Cristo no setor público, e, graças ao privilégio de sua infalibilidade pontifical, declarará – urbi et orbi – que a civilização presente é a filha legítima do Santo Evangelho e da redenção social (Glorieux Centenaire, p.111).”

O grande complô do qual falamos não foi nunca produto da imaginação de complotistas, mas num outro trecho dessa publicação fala até de como deviam operar sorrateiramente nos seminários católicos.

Essa almejada transformação liberal da Santa Sé assim documentada, que era nada mais nada menos que a eleição de um futuro papa segundo o plano da lojas maçônicas, que convocaria um futuro concílio (segundo esses planos), já aconteceu depois da morte de Pio XII. E prevaleceu a nova pedagogia que passou a subverter o culto, a vida e a história cristã.

Haveria então que reconhecer que a descristianização global demonstra que o complô é uma tremenda realidade apocalíptica, embora se realize na indiferença geral. Os seus chefes são nomeados, eleitos e consagrados qual simulacros papais, sem reações adversas na Cristandade.

Uma nova pedagogia subverteu o culto, a vida e a história cristã.

Ora, a Religião revelada é primariamente História Sagrada.

Da Gênese ao Apocalipse são vistos os desígnios divinos concernentes o ser humano e as etapas daquela perene luta do mal contra o bem que se manifesta na história, com resultados bons ou maus segundo os homens acolham ou recusem a Ordem divina com a liberdade que foi dada às suas consciências para o bem.

Portanto, mutilar a história de seu aspecto sobrenatural não significa só privá-la de sentido, mas abolir a própria Religião, e com ela o respeito da razão na sociedade e do fim último do ser humano, que é o culto a Deus.

A real guerra do mundo se resume no complô contra a Cristandade que, para sobreviver, deve preservar a presença do sobrenatural no Santo Sacrifício, enquando que a Revolução para abatê-la procura com todos os meios substitui-lo com um novo culto aberto à gnose ecumenista.

Ora, é fato acertado que uma “cria” dessa secreta revolução modernista, aberta ao naturalismo e ao ecumenismo maçônico e judaizante, foi eleito papa. Trata-se de Angelo Roncalli cujas ideias modernistas apareceram já no seminarista, como seu amigo modernista, o senador Andreotti relata no livro «I quattro del Gesù. Storia di un’eresia» (Rizzoli, 1999).

O complô tocou o culto do Sacrifício divino

A convulsão teve aspectos lacerantes para a alma do sacerdote católico, que se sentiu profundamente ferida na sua mais alta missão.

Mas também havia o aspecto do abandono político da Cristandade.

Pode-se dizer que alguns prelados mais esclarecidos, como Dom Mayer e Dom Lefebvre, compreenderam logo que a Revolução encontrava as portas abertas no Vaticano. Isto se pode entender pelos seus escritos dos anos seguintes. Mas a que ponto estamos hoje?

Um abundante clero traicionalista, que viu o retorno aparente da Santa Missa, mas para outro testemunho, passou a procurar a comunhão com a nova igreja conciliar, que havia «excomungado»  os seus Bispos.

Teriam estes reconhecido Joseph Ratzinger como Papa? Retamente se deve duvidar. Dom Mayer já dizia antes de 1988, para quem queria ouvir,  que estávamos sem papa e no Vaticano sentava um antipapa.

Por seu lado, Dom Lefebvre também já antes de 1988 dizia que Ratzinger não sabia o que era a Verdade e nenhuma colaboração com eles era possível porque querem descristianizar o mundo, e nós queremos cristianizá-lo. Depois escreveu que no Vaticano havia anti-cristos.

Ora, uma vez que se reconhecem os autores da demolição conciliar como papas legítimos, se permanece numa igreja onde a fumaça de Satã e sua rebelião conciliar penetrou para enraizar-se de modo «irreversível»!

Isto é o que procura o aparato ecumenista conciliar.

Isto é o que os dois valentes Bispos denunciaram até o fim.

Bispos D. Mayer e D. Lefebvre